Com o desenvolvimento do projecto de Alqueva e seu aproveitamento turístico, novas dúvidas e problemas se colocam para o futuro: será que as acessibilidades existentes e/ou projectadas serão suficientes para tranquilizar os futuros investidores e turistas de Alqueva?
Neste momento existem apenas ligações rodoviárias, algumas em boas condições, outras nem por isso. Existe também uma linha ferroviária que liga Évora a Reguengos de Monsaraz, que está desactivada há anos. Fala-se agora em tranformá-la em ecopista. Será esse o caminho? Não será que mais uma vez estamos sem visão estratégica e a hipotecar o futuro de Alqueva?
Com a modernização e futura electrificação da linha ferroviária que vem de Lisboa até Évora, será possível ligar as duas cidades em +/- 1 hora, que poderia ser aproveitada para trazer os turistas que chegam do aeroporto da Portela e futuramente do novo Aeroporto da Ota. Também a futura linha do TGV, que terá uma estação em Évora, terá um papel importante ao trazer mais turistas. Uma aposta neste troço (Évora - Reguengos), retiraria veículos das estradas, reduziria a poluição, o consumo energético e além do mais, contribuiria para o desenvolvimento do interior, e para o seu aproveitamento turístico. Há muito que o interior está esquecido e abandonado. As populações satélites da cidade de Évora, como Montoito, N. Srª Machede e Reguengos (muitos dos que lá habitam trabalham em Évora), sairiam beneficiados e dessa forma poderiam deixar os seus veículos em casa e deslocar-se de transporte colectivo. Tudo isto, se pensado e desenvolvido, poderá trazer riqueza económica ao interior, poderá deixar-nos novamente no mapa e poderá ajudar a fixar populações e a criar postos de trabalho. É preciso apostar já, para que na altura dos mega empreendimentos estarem prontos, a linha também já esteja em condições de receber os combóios modernos e os passageiros ansiosos de descansar junto ao maior lago artificial da Europa.
http://www.refer.pt
http://www.cp.pt
Comentários
Li com agrado o post que escreveste.
Fazendo uma sintese:
- Faltam acessibilidades de qualidade à Barragem de Alqueva;
- Continua a falta de visão estratégica dos nossos governantes para o interior do País;
- O ambiente só ficaria a ganhar...;
- O interior sul sairia beneficiado bem como as suas populações.
Sou apologista de uma linha férrea moderna e electrificada que ligue todo o interior do País, já o disse antes e volto a afirmá-lo. Todo o Alentejo ficaria a ganhar, uma vez que permitia a rápida movimentação de população, mercadorias e turistas (Não só a Alqueva como ao Algarve).
Actualmente levantam-se questões mais importantes como o triângulo estratégico Sines (terminal XXI) - Évora (futura paragem TGV?) - Beja (novo aeroporto?) - Alqueva (maior Barragem artificial da Europa - com aproveitamento agrícola, eléctrico e turístico).
Contudo, deve-se repensar os recursos que temos, e as linhas férreas desactivadas podem ser uma mais valia. Como? Através do seu aproveitamento turístico, criando rotas de comboios históricos por antigas aldeias, vilas e cidades (e já o há no Douro!), passando, pois claro, por Alqueva.
Temos consciência que as coisas não são feitas de um pé para a mão, mas se caminharmos num mesmo sentido comum, com objectivos bem planeados e motivados a cumpri-los, seremos capazes de os pôr em prática, através do apoio governamental mas também pelo apoio da iniciativa privada, através da criação de serviços e produtos complementares às estruturas então criadas.
Acredito que muitas vezes o problema não se traduz (somente) na falta de verbas, mas também na falta de coragem, de vontade, ou quiçá, puro esquecimento de quem governa. É também importante salientar o papel activo que a administração local deve ter perante estes desafios, pressionando o Governo e criando condições para o investimento privado, sempre no sentido duma harmoniosa e saudável parceria público/privada.
Penso que todos juntos vamos conseguir se rumarmos na mesma direcção, caso contrário só o Alentejo ficará a perder.
Um abraço,
(gdgg)