De austeridade em austeridade, os portugueses têm aguentado sem contestação as medidas que nos têm sido impostas pela Troika. Mas como tudo na vida, há limites para tanta austeridade.
Como sempre defendi, esta situação de défice excessivo e endividamento não poderia ser resolvida num período de tempo tão curto quanto a que nos estava a ser imposta pela Troika. O tempo veio dar-me razão e lá teremos mais um ano para tentar equilibrar as contas do Estado.
No entanto, neste período de tempo, retirou-se dinheiro, muito dinheiro das famílias (e consequentemente do consumo interno). A atividade económica travou a fundo, as falências dispararam, a economia arrefeceu, o desemprego galopou, o PIB caíu (consequentemente a dívida em % do PIB aumentou), o aumento das taxas do IVA falhou no seu objetivo (3 mil milhões abaixo do orçamentado)...a questão que se coloca é esta: será que este arrefecimento brutal da economia não provocou o estado de agonia do "doente"? Será que não nos levará a uma espiral recessiva como se verifica na Grécia?
Estamos num momento político difícil. A saída do "túnel" não se vislumbra, o Governo falhou e está a perder o apoio que o sustenta, as pessoas estão cada dia mais descontentes, desconfiadas, desiludidas.
Perante isto, mais um ataque aos bolsos dos contribuintes, via contribuições para a Segurança Social. E em troca? Mais uns milhões de poupança para grandes empresas monopolistas que não irão baixar os seus preços só para agradar ao Sr. Ministro das Finanças. Mas imaginemos que todas as empresas baixavam os preços dos seus produtos, qual o impacto? Menos receita de IVA. Mas e se o consumo interno baixar? Menos receita de IVA e menos emprego.
A expectativa de evolução do consumo interno é negativa. Há um sério risco de cair brutalmente, com impactos importantes na evolução do PIB, que o Sr. Ministro anunciou que ficaria em -1% em 2013.
Aguardemos para ver quem afinal terá razão...
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