Há um ano e três meses, o Alentejo deixou de ser a única região da Península Ibérica sem um serviço de radioterapia. Certo é, que, actualmente, esta valência do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) é a mais avançada na área instalada no nosso País, e, seguramente, uma das melhores da Europa na tecnologia de combate ao cancro, tendo sido recentemente reconhecida pelo Fórum Hospital do Futuro, com a atribuição do primeiro prémio na categoria de Parcerias em Saúde.
O problema põe-se quando se fala da potencialização do serviço, a trabalhar actualmente muito abaixo das capacidades, lamentam os responsáveis. Tal facto deve-se ao desconhecimento da sua existência por grande parte dos profissionais de saúde .
A efectuar actualmente uma média próxima dos 80 tratamentos por dia, a radioterapia eborense podia, sem prejuízo da qualidade do serviço, chegar aos 200. "Há quem continue a encaminhar os doentes para os grandes centros urbanos quando temos uma unidade que prima pela qualidade", reiterou, aquando do primeiro aniversário da unidade, a presidente do conselho de administração do HESE, Filomena Mendes. Além das possibilidades de tratamento em radioterapia externa, braquiterapia ginecológica e prostática, que já funcionam actualmente, o serviço vai alargar o leque de competências clínicas já a partir de 2011, apesar de ter ‘em carteira’ 650 doentes – a capacidade cifra-se em 1400 pacientes. "Acredito que estas pequenas unidades funcionam melhor do que as dos grandes centros, por todos os motivos. Precisamos de tratar muitas mais pessoas do que as que estamos a tratar actualmente e reclamamos isso", disse ao CM Pedro Chinita, um dos dois radioterapeutas e director clínico do serviço do HESE (ver entrevista).
A grande luta dos responsáveis passa agora pela sensibilização dos médicos de família para que se possa potenciar os recursos. "A falta de conhecimento e o não encaminhamento dos doentes para aqui leva a que uma pessoa que viva no Alentejo tenha de se deslocar, por exemplo, ao IPO de Lisboa para fazer um ciclo de cerca de 25 tratamentos, o que é extremamente fatigante e desgastante, podendo ser evitado se efectuado em Évora. Melhorar a qualidade de vida aos doentes oncológicos é o princípio básico desta unidade de radioterapia", acrescentou Pedro Chinita.
HOSPITAL PAGA HOTEL E COMIDA
Os utentes do serviço de radioterapia de Évora, caso sejam provenientes de uma distância superior a 80 quilómetros, durante os ciclos de tratamento (normalmente de segunda a sexta-feira, entre um e dois meses), ficam alojados e com alimentação paga num dos hotéis da cidade com quem o hospital estabeleceu um protocolo. "Dar todo este conforto é estar a poupar milhões aos cofres do Estado. O que encarece os tratamentos são os transportes, cujo custo é quatro a cinco vezes o custo do tratamento em si", refere o serviço de radioterapia. Por ano, eram gastos 2,5 milhões de euros em deslocações.
O MEU CASO: JOSÉ MARTINS
"ESTE TRATAMENTO NÃO PROVOCA DORES"
Aos 75 anos, José Martins viu-se confrontado com um dos maiores receios do homem, o cancro da próstata. Acompanhado há aproximadamente um ano, está actualmente a cumprir um ciclo de tratamentos no Serviço de Radioterapia do Hospital do Espírito Santo, em Évora. O paciente desdobra-se em elogios ao apoio que lhe tem sido prestado e à qualidade dos cuidados de saúde.
"Penso que a minha situação está a correr bem. Foi-me diagnosticado o problema em Janeiro deste ano. Aqui, sou muito bem tratado, o espaço é muito agradável e as pessoas são da maior das simpatias", disse ao CM o agricultor reformado, residente em Montoito, no concelho de Redondo.
"Este tratamento não provoca dores. Chego sem dor, saio daqui sem dor e posso ir fazer a minha vida. Felizmente, conto com a ajuda do meu filho, que me acompanha desde a primeira hora", referiu.
Até dia 25 de Janeiro, todos os dias úteis, José Martins vai à radioterapia para uma sessão que não demora mais do que 30 minutos, desde o momento em que chega ao hospital até que sai. "Felizmente, continuo autónomo e capaz de fazer tudo. Vir aqui é só mais uma das coisas que tenho para fazer todos os dias, mas que faço sem esforço nenhum, porque são realmente todos muito prestáveis", concluiu.
PERFIL
José Martins tem 75 anos e reside na freguesia de Montoito, no concelho de Redondo. É casado e tem um filho. Agricultor, actualmente encontra--se reformado, mas toda a vida viveu do que a terra dá. Está em tratamento à próstata.
DISCURSO DIRECTO
"NÃO HÁ LISTA DE ESPERA": Pedro Chinita, Director clínico do serviço de radioterapia do HESE
Correio da Manhã – Qual a vantagem deste serviço de radioterapia em relação aos dos grandes centros urbanos?
Pedro Chinita – Além dos recursos técnicos, não há lista de espera. A comodidade e proximidade são superiores e isto tudo evita a disfunção familiar e a ausência.
– E os doentes que ficam alojados em hotel?
– O doente pode ficar com um acompanhante e ao fim-de-semana vai sempre a casa, para evitar o distanciamento. Pagar a estada em vez dos transportes é fazer poupar ao estado milhões de euros por ano.
– O serviço está a tratar abaixo da capacidade. A trabalhar na máxima força, continuará a oferecer estas condições de comodidade aos doentes?
– Claro, isso é ponto assente na nossa política e queremos crescer.
Correio da Manhã - 19-12-2010
O problema põe-se quando se fala da potencialização do serviço, a trabalhar actualmente muito abaixo das capacidades, lamentam os responsáveis. Tal facto deve-se ao desconhecimento da sua existência por grande parte dos profissionais de saúde .
A efectuar actualmente uma média próxima dos 80 tratamentos por dia, a radioterapia eborense podia, sem prejuízo da qualidade do serviço, chegar aos 200. "Há quem continue a encaminhar os doentes para os grandes centros urbanos quando temos uma unidade que prima pela qualidade", reiterou, aquando do primeiro aniversário da unidade, a presidente do conselho de administração do HESE, Filomena Mendes. Além das possibilidades de tratamento em radioterapia externa, braquiterapia ginecológica e prostática, que já funcionam actualmente, o serviço vai alargar o leque de competências clínicas já a partir de 2011, apesar de ter ‘em carteira’ 650 doentes – a capacidade cifra-se em 1400 pacientes. "Acredito que estas pequenas unidades funcionam melhor do que as dos grandes centros, por todos os motivos. Precisamos de tratar muitas mais pessoas do que as que estamos a tratar actualmente e reclamamos isso", disse ao CM Pedro Chinita, um dos dois radioterapeutas e director clínico do serviço do HESE (ver entrevista).
A grande luta dos responsáveis passa agora pela sensibilização dos médicos de família para que se possa potenciar os recursos. "A falta de conhecimento e o não encaminhamento dos doentes para aqui leva a que uma pessoa que viva no Alentejo tenha de se deslocar, por exemplo, ao IPO de Lisboa para fazer um ciclo de cerca de 25 tratamentos, o que é extremamente fatigante e desgastante, podendo ser evitado se efectuado em Évora. Melhorar a qualidade de vida aos doentes oncológicos é o princípio básico desta unidade de radioterapia", acrescentou Pedro Chinita.
HOSPITAL PAGA HOTEL E COMIDA
Os utentes do serviço de radioterapia de Évora, caso sejam provenientes de uma distância superior a 80 quilómetros, durante os ciclos de tratamento (normalmente de segunda a sexta-feira, entre um e dois meses), ficam alojados e com alimentação paga num dos hotéis da cidade com quem o hospital estabeleceu um protocolo. "Dar todo este conforto é estar a poupar milhões aos cofres do Estado. O que encarece os tratamentos são os transportes, cujo custo é quatro a cinco vezes o custo do tratamento em si", refere o serviço de radioterapia. Por ano, eram gastos 2,5 milhões de euros em deslocações.
O MEU CASO: JOSÉ MARTINS
"ESTE TRATAMENTO NÃO PROVOCA DORES"
Aos 75 anos, José Martins viu-se confrontado com um dos maiores receios do homem, o cancro da próstata. Acompanhado há aproximadamente um ano, está actualmente a cumprir um ciclo de tratamentos no Serviço de Radioterapia do Hospital do Espírito Santo, em Évora. O paciente desdobra-se em elogios ao apoio que lhe tem sido prestado e à qualidade dos cuidados de saúde.
"Penso que a minha situação está a correr bem. Foi-me diagnosticado o problema em Janeiro deste ano. Aqui, sou muito bem tratado, o espaço é muito agradável e as pessoas são da maior das simpatias", disse ao CM o agricultor reformado, residente em Montoito, no concelho de Redondo.
"Este tratamento não provoca dores. Chego sem dor, saio daqui sem dor e posso ir fazer a minha vida. Felizmente, conto com a ajuda do meu filho, que me acompanha desde a primeira hora", referiu.
Até dia 25 de Janeiro, todos os dias úteis, José Martins vai à radioterapia para uma sessão que não demora mais do que 30 minutos, desde o momento em que chega ao hospital até que sai. "Felizmente, continuo autónomo e capaz de fazer tudo. Vir aqui é só mais uma das coisas que tenho para fazer todos os dias, mas que faço sem esforço nenhum, porque são realmente todos muito prestáveis", concluiu.
PERFIL
José Martins tem 75 anos e reside na freguesia de Montoito, no concelho de Redondo. É casado e tem um filho. Agricultor, actualmente encontra--se reformado, mas toda a vida viveu do que a terra dá. Está em tratamento à próstata.
DISCURSO DIRECTO
"NÃO HÁ LISTA DE ESPERA": Pedro Chinita, Director clínico do serviço de radioterapia do HESE
Correio da Manhã – Qual a vantagem deste serviço de radioterapia em relação aos dos grandes centros urbanos?
Pedro Chinita – Além dos recursos técnicos, não há lista de espera. A comodidade e proximidade são superiores e isto tudo evita a disfunção familiar e a ausência.
– E os doentes que ficam alojados em hotel?
– O doente pode ficar com um acompanhante e ao fim-de-semana vai sempre a casa, para evitar o distanciamento. Pagar a estada em vez dos transportes é fazer poupar ao estado milhões de euros por ano.
– O serviço está a tratar abaixo da capacidade. A trabalhar na máxima força, continuará a oferecer estas condições de comodidade aos doentes?
– Claro, isso é ponto assente na nossa política e queremos crescer.
Correio da Manhã - 19-12-2010
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